No
Sábado ouvi uma mulher que acabou de ter um filho dizer que fazia
tudo automaticamente, sempre com a ideia de fazer tudo muito rápido,
o banho, a fralda, as mamadas.. com o único objectivo de adormecer a
criança, para depois poder finalmente tambem dormir. Que nem
brincava com ela. E que tinha de ir para casa. Não voltaria tão
depressa a tirar a bebé de 3 semanas de casa, porque tinha corrido
mal a primeira.
As
pessoas à volta dela, profissionais, davam conselhos. E ela
continuava naquele registo vazio, como quem não sabe viver agora que
o bebé, supostamente o prémio de nove meses de gravidez, saiu de
dentro.
O
bebé real versus o bebé imaginário.
Pensar
que quando nos nasce um bebé, a vida vai ser bela, e constatar
depois que ele não é, ou melhor, a vida com ele, não é
simplesmente um bebé a dormir num berço tranquilo, que amamentar
não é algo que instintivamente sabemos fazer que a vida vira ao
contrário... que todos menos nós sabemos o que fazer com ele, como
fazer e a que horas.... ouvi perguntas de mães como: até que idade
amamentar, assim como ouço noutros dias, perguntar coisas como
essas...
As
pessoas pensam que existe um manual de instruções sobre como tratar
o bebé... preocupamo-nos todas com as coisas que temos de comprar, a
decoração do quarto... depois a opinião das amigas, da familia...
Ter
um filho devia ser uma coisa simples...
E
pode ser, se simplesmente tivermos coragem de de manhã, acordar,
esquecer que temos a lida da casa para fazer, lembrarmo-nos que é
permitido que o pai da criança ajude.... sairmos para a rua,
bebermos café com as amigas, mostrar ao mundo o nosso bebé... como
ele é perfeito, mesmo que chore de noite, que amamentar seja dificil
para nós, que a falta de curvas seja demais para nós... a
feminilidade esteja aparentemente apagada.
Nada
no mundo é mais feminino que ter um filho.
Como
ouvi uma vez a minha amiga Teresa David dizer, nada torna uma mulher
mais bonita, do que as feias marcas de uma mulher mãe.
Milhares
de mulheres não conseguem, não podem esse milagre.
Ser
mãe não é fácil.
E
eu costumo falar aqui coisas bonitas sobre amamentar, sobre parir,
como foi fácil para mim.
Mas
todas as pessoas tem as suas dificuldades. Até eu que sou doula.
E
por isso, termino este post a dizer, acho que nunca o disse: quando
amamentei a minha filha, as primeiras vezes, no hospital... a dor (o
que chamam dores tortas) era tal, que eu chorava. E eu queria mesmo
amamentar, é nisso que acredito. Se não acreditasse, teria sido tão
fácil simplesmente chamar a enfermeira. As outras mulheres do meu
quarto perguntavam o que se passava, e eu simplesmente dizia: que não
me tinha doido o parto, mas que estas dores que tinha, eram como as
que tive quando pari a primeira vez. Não, piores!
A
maternidade é doce e amarga...
A
maternidade é única.
Não
sou mais nem melhor que qualquer outra mulher. Faço as minhas
opções, tal qual como qualquer uma de vós!